Por Martihene Oliveira
“Todos os dias, uma viatura da Lei Maria da Penha entra aqui na comunidade”. E esse foi o relato da manicure Aline Martins, enquanto trabalhava e conversava com uma das integrantes do Sargento Perifa. Uma fala que fortaleceu a luz do alerta ligado dias atrás quando entre amigos da comunidade, outros fatos vieram à tona.
“Ninguém diz que aquele cara bate nela. Ele é bem quisto, fala bem e é super referência no Córrego do Sargento”, afirmou uma moradora. Um outro relato apontou para gritos de uma mulher agredida, escutados rotineiramente pelos vizinhos. Mas ninguém tem coragem de denunciar. Logo, em menos de 15 minutos de conversa, o relato do marido que deixou marcas na esposa. Mais à frente, um outro quebrou todos os objetos da casa e, em outra família, uma esposa e sua criança foram arrastadas. Cinco relatos de violência doméstica em menos de uma semana em uma comunidade onde mulheres não se sentem seguras para denunciar.
Foi a partir desses fatos que o Coletivo Sargento Perifa mobilizou mulheres da rede para espalharem lambes por toda a comunidade com mensagens de apoio às vítimas e convidou a Secretaria da Mulher da Prefeitura do Recife para um bate papo na comunidade.
A campanha “Nós que fazemos a Rede de Mulheres do Perifa decidimos que não vamos morrer”, fala de sororidade e apoio entre mulheres e orienta sobre como proceder com as denúncias. Frases como “Ensine seus meninos a não serem agressores, ensine suas meninas a se defenderem” foram espalhadas por todo o território, desde a porta da igreja ao Sítio do Córrego do Sargento e na área onde fica a sede do coletivo.
